O chá do Brasil

O chá do Brasil

Enquanto no oriente o chá é consumido há cerca de cinco mil anos, segundo os registros históricos, aqui no Brasil ele chegou há 200 anos, no Rio de janeiro, por um vislumbre de Dom João VI, entusiasmado pelo status que a bebida estava tendo na Europa, de que poderia tornar-se uma atividade econômica bastante rentável na colônia.

Inicialmente, chegaram 300 trabalhadores chineses com mudas de Camellia sinensis, da variedade assamica, para serem plantadas no Horto Real (atual Jardim Botânico) para os primeiros testes de um jardim de chá brasileiro, por volta de 1812. Em 1840 foi criada uma escola para o ensino da cultura do chá e sua industrialização na cidade de Ouro Preto (Minas Gerais). E, por volta dessa época, através das sementes cultivadas no Rio, várias iniciativas agrícolas despontaram em São Paulo, mas acabaram sendo descontinuadas para dar lugar a outras atividades mais rentáveis como a cafeicultura, por exemplo. O chá produzido no Brasil era de excelente qualidade, ganhando até uma menção honrosa na Exposição Mundial de 1873, em Vienna, junto com outros alimentos brasileiros.

A teicultura brasileira começou a tomar uma força considerável a partir de 1908, após a chegada dos imigrantes japoneses a São Paulo e uma parte da colonização sendo fixada na região do Vale do Ribeira, mais precisamente no município de Registro.  O técnico de chá japonês, Torazo Okamoto, chegou ao Brasil em 1919 e é considerado o pioneiro do chá em toda a região. Ele teria vindo de uma viagem, em 1935, com várias sementes de Camellia sinensis var. assamica, do Sri Lanka, escondidas em miolos de pão para driblar a fiscalização. A plantação deu certo e Torazo compartilhava as sementes com a comunidade japonesa, assim como as técnicas que aprendeu no Japão. Além disso, Okamoto começou a implementar o beneficiamento das folhas, em primeiro momento para o chá verde, consumido pelos próprios colonos e, posteriormente, para o chá preto, mais procurado fora da colônia.

 

O chazal de Torazo Okamoto, no Vale do Ribeira. Imagem: acervo do Museu Histórico da Imigração Japonesa, Registro-SP

 

A partir de 1934, há uma expansão da teicultura no Vale do Ribeira ao longo das décadas, com muitos chazais e fábricas produzindo o chá que era exportado para os EUA, Chile, Inglaterra e Holanda, em sua maioria para o beneficiamento de bebidas prontas. A crise da hiperinflação nas décadas de 80 e 90 abalou o cenário econômico brasileiro, atingindo de imediato os pequenos agricultores.

 

Imagem: Acervo Amaya Chás

Atualmente, contamos com uma fábrica nacional, a Amaya e três produtores: Amaya, Sítio Shimada e Sítio Yamamaru que abastecem o mercado brasileiro com chás verde, preto, branco e oolong de excelente qualidade, cada um com suas características próprias.

É a força do nosso chá e da nossa terra que resiste e brota nos corações do Brasil e do mundo.

Para conhecer os chás brasileiros:

Amaya Chás – https://chasamaya.com.br/

Sítio Shimada – https://sitioshimada.com.br/

Sítio Yamamaru – https://www.instagram.com/sitioyamamaru/?hl=pt-br

Fontes: A Crise da Teicultura na Baixada do Ribeira – SP: Novos Arranjos do Território Nacional, Larissa Rocha Mello, 2015.

Agricultura e Indústria do Chá no Brasil, Ruth Youko Tsukamoto, 1994.

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