Os blends surgiram no ocidente no final do século XIX por motivação econômica. Com a popularização do chá e o consumo em massa, a indústria percebeu uma necessidade de padronizar sabores e aromas para uma produção em larga escala. O objetivo era assegurar que as propriedades organolépticas do chá se mantivessem consistentes ao longo do ano todo e que o consumidor pudesse encontrar no produto o sabor exato que conhecia e apreciava em qualquer compra realizada. Outro fator importante era evitar que o produto final comercializado fosse prejudicado por flutuações no cultivo, transporte, instabilidade política e de câmbio e condições climáticas adversas.
Na Inglaterra, o famoso English Breakfast é um blend composto por três tipos diferentes de chás pretos. Utiliza-se aqui o chá preto da Índia (Assam), do Sri Lanka e do Quênia. Já os irlandeses preferem o seu blend de café da manhã elaborado com o chá preto do Quênia em maior quantidade e o chá preto da Indonésia. Os indianos não ficaram atrás e valendo-se de suas magníficas regiões produtoras, criaram blends que misturam os chás pretos de Assam e Nilgiri, Darjeeling e Assam e até mesmo os três juntos.
Além dos blends clássicos citados acima, o crescimento da indústria disponibilizou uma grande variedade de blends contemporâneos para atender aos diferentes paladares nas quatro regiões do planeta e o tea blender figura entre os profissionais do chá mais importantes do mercado. É ele o responsável por criar, testar e implementar a fórmula, conhecendo o seu público e elaborando uma mistura sensorial que seja bonita visualmente, marcante ao olfato, agradável ao paladar e viável de ser produzida em grandes quantidades.
Cada componente acrescentado deve trazer um atributo à mistura e todos devem relacionar-se entre si resultando numa bebida harmônica e com personalidade. E isso vale tanto para as misturas mais simples como para as mais complexas com muitos ingredientes. Com o crescimento do mercado no ocidente, surgem, então, os blends artesanais e autorais criados por especialistas que estudam o chá, dedicam as suas vidas a esta paixão e usam as plantas locais para elaborarem infusões personalizadas que podem ser preparadas a quente ou a frio, em drinques alcoólicos ou não. O consumidor só tem a ganhar com essa explosão de cores, aromas e sabores!
Pesquisa: Livro Tea Sommelier, Ed. Abbeville Press