Seu nome batizou uma das mais importantes salas de concertos brasileiras, no centro do Rio de Janeiro, inaugurada um ano após a sua morte. E, também, é a única escritora a ser homenageada em uma cédula nacional, tendo a sua figura estampando as notas de 100 cruzados novos, entre 1989 e 1992.
Carioca de 1901, Cecília Meireles era jornalista, pintora, poetisa, escritora, professora e publicou mais de 50 obras ao longo de sua vida.
HORA DO CHÁ
Mas acontece que não basta colher
as primeiras folhas da ponta dos ramos.
Nem esperar que a chaleira cante
e o chá desdobre os caracteres da sua escrita
em água, perfume e topázio.
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Não basta a receita:
falta a elevada solidão
o hino latente,
a dinastia do sonho.
.
Faltam as convergências
do céu e da terra,
os orvalhos e estrelas
entre o sonhar e o morrer.
.
Ah! Somente a pedra sonora dirá, decerto,
no ar de ouro e seda,
o caminho saudoso dos ritos,
o ato de perfeição
por que choram os nossos olhos…
Cecília Meireles